Cidades: origem e expansão

Por Herodes Cavalcanti 

Neolítico

Nascimento das cidades: “nova concepção”

Conforme achados arqueológicos em Anatólia (região da atual Turquia), as cidades surgiram através de coletores-caçadores, antes da produção de um excedente agrícola. O dinamismo da cidade (cultura, economia, encontros etc.) levou ao seu desenvolvimento.

Fonte: https://smarthistory.org/catalhoyuk/
Sítio arqueológico e escultura da cidade de Çatalhöyük. Idade 9.000 a. C

Fonte: https://smarthistory.org/catalhoyuk/

"Rígidas crenças canônicas sobre as origens sumérias posteriores das cidades persistem e estão associadas aos contínuos pressupostos que consideram a urbanização mais como um efeito do que uma causa, estabelecendo um elo entre o surgimento das cidades e certas justificativas como mudança climática, a emergência da língua escrita (e, portanto, a história, e não a “pré-história” escrita), a expansão da agricultura irrigada, o necessário acúmulo de um excedente de alimentos e o surgimento da civilização (eurocentricamente definida). O que vem se revelando cada vez mais, no entanto, é que a urbanização e o desenvolvimento agrícola (não simplesmente a domesticação das plantas) evoluíram em conjunto numa relação mutuamente estimulante pelo menos 6.000 anos antes da construção de cidades sumérias; que os assentamentos urbanos mais antigos foram formados por caçadores e coletores relativamente igualitários, com enorme habilidade para construções em pedra e artes visuais; que houve um salto em escala dos assentamentos de curto prazo em locais propícios de no máximo 300 pessoas para redes de centros urbanos ligados ao comércio de até 10.000 habitantes ” (SOJA, 2013, p. 148).


Antiguidade

Cabe atentar que a proliferação das primeiras cidades Quish, Eridu, Nipur e Uruk surgiram na mesopotâmia, na região entre o rio Tigre e Eufrates (atual Iraque), entre 3.750 a 4.500  a.C.

Fatores que contribuíram para o seu aparecimento
  • Organização política complexa (figura do Rei)
  • Divisão do trabalho
  • Produção de excedente
  • Recurso naturais (rios)


O controle das cheias dos rios e a criação de um sistema de irrigação possibilitou o aumento da produtividade agrícola favorecendo o aparecimento das primeiras cidades na antiguidade.

Contribuições grega

Desenvolvimento da democracia nas poles (cidade Estado)
A discussão para gestão e organização da cidade ocorria na ágora (praça pública). Na ágora os cidadãos realizavam discussões, apresentavam propostas e votavam temas importantes para o destino da cidade.



Contribuições romana
  • Construção de estradas 
  • Desenvolvimento de uma rede de cidades
  • Criação de aquedutos para transporte de água para cidades 
  • Banhos públicos
  • Sistema de esgoto


"O Império Romano é sem dúvida o melhor exemplo de expansão da urbanização na Antiguidade, por conta de um poder unificado. A vitória dos romanos sobre os gregos da Itália e Sicília, e a anexação dos impérios cartaginês e helenístico, permitiram a apropriação e o aperfeiçoamento dos sistemas econômico e administrativo já desenvolvidos por estes povos.
O poder político do Império Romano permitiu, portanto, não apenas que a urbanização deixasse de ser um processo "espontâneo", uma vez que muitas cidades foram fundadas nas áreas recém-conquistadas para permitir a hegemonia política romana sobre estas áreas, como também acabou por propiciar uma ampliação imensa da divisão interurbana do trabalho, pois os ofícios exercidos e a produção das maiores cidades do Império deixaram de suprir apenas os cidadãos (habitantes de uma cidade) e a população rural de seus arrabaldes, para suprirem também a população de outras áreas do Império e os povos bárbaros além fronteira, incentivando o papel comercial urbano. Acrescente-se a isto, o fato de que a manutenção do poder político central (o que quer dizer de suas instituições, inclusive o Exército) era possível através do recolhimento de tributos em todo o Império, e tal a rede de cidades serviu de suporte à origem e desenvolvimento de um aparato burocrático-administrativo [...]"

Fonte: Capitalismo e Urbanização - Maria da E. B. Spósito


Idade média

Alta Idade média   V ao X 

Retração das cidades e desenvolvimento do feudalismo

Baixa idade média – Séc. XI a XV

A retomada do comércio impulsiona o “renascimento” das cidades

Fatores:
  • Novas rotas comerciais na Europa
  • Feiras Champanhe (França) e Flandres (Bélgica).
  • Retomada da moeda
  • Renovação dos meios de produção agrícola
  • Centralização do poder na monárquico
Problemas e características das cidades da idade média
  • Cidades muradas
  • Ruas estreitas e tortuosas
  • Falta de saneamento básico (água e esgoto)
  • Problemas de epidemias (peste negra e cólera)
"As "cidades" medievais, de acordo com Mumford, tendiam à forma arredondada, eram limitadas, concreta e psicologicamente pela muralha, marcadas por planos irregulares, cujas vias principais apontadas para o núcleo central, dificilmente chegavam até ele. O núcleo central onde se encontravam as praças abertas (usadas para os mercados eventuais) e as construções religiosas e públicas era alcançado por caminhos estreitos e tortuosos. Esta caracterização das "cidades" medievais é própria do período de nítida predominância do modo de produção feudal".

Fonte: Capitalismo e Urbanização - Maria da E. B. Spósito


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