Modernização da agricultura brasileira

Nos anos 50 e 60, a Revolução Verde impulsionou um avanço significativo nas técnicas agrícolas, com a introdução de fertilizantes, agrotóxicos e maquinário modernos. Essa transformação, apoiada pelos Estados Unidos e outras nações desenvolvidas por meio da ONU, visava aumentar a produção de alimentos em países como México e Paquistão.

Embora tenha resultado em um aumento considerável da produção agrícola, a Revolução Verde não alterou a concentração de terras característica dos países em desenvolvimento. A priorização da produção para exportação, em detrimento da agricultura familiar, contribuiu para aprofundar as desigualdades sociais e ambientais.

Em um cenário de Revolução Verde observa-se no Brasil a transição dos Complexos Rurais para os Complexos Agroindustriais (CAIs).

Complexos rurais → técnicas arcaicas de produção, predomínio do sistema de colonato/morada.

CAIs → integração de capitais (rural e industrial); trabalho assalariado (temporário), a residência do trabalhador passa a ser na cidade.

“Em resumo, na década de 1960, particularmente em seus finais, havia um conjunto de condições macroeconômicas e políticas internas que possibilitaram uma mudança qualitativa no padrão de desenvolvimento da agricultura e no lugar que ela passava a ocupar no padrão geral de acumulação do país. Essa mudança qualitativa concretizou-se nos complexos agroindustriais e no processo de fusão/integração de capitais intersetoriais pelo capital financeiro” (Silva., G, 1998, p. 28).

Principais marcos da modernização do campo brasileiro

1963. ETR - Estatuto do Trabalhador Rural
Equiparou os direitos dos trabalhadores rurais aos dos trabalhadores urbanos. Com isso, amplia-se o assalariamento do trabalhador rural.

A implantação do ETR veio acompanhada da expulsão de muitos colonos das fazendas para as quais trabalhavam. Os empregadores não queriam arcar com os encargos trabalhistas estabelecidos pelo ETR.
Os trabalhadores expulsos das fazendas passaram a morar nas periferias das áreas urbanas e posteriormente retornaram  ao campo para atuar na figura do assalariado temporário, o "boia fria" (MORAES SILVA, 1999).

“[...] nos municípios paulistas - Santa Rosa de Viterbo, Barrinha e Leme -, constatou-se que no ano de 1966, durante o período da ditadura militar, houvera uma greve de trabalhadores rurais na Fazenda Amália, então pertencente à família Matarazzo, cujo desfecho foi a expulsão de 4 mil famílias de moradores das várias seções da fazenda” (MORAES, 2010, p. 1).


1964. Estatuto da Terra
Aprovado durante o governo do Marechal Castelo Branco, estabeleceu diretrizes para a organização da propriedade rural em "módulos rurais", com o objetivo de promover uma reforma agrária. No entanto, a implementação dessas diretrizes foi marcada por diversas controvérsias e obstáculos, e a reforma agrária não avançou.

1965. SNCR – Sistema nacional de Crédito Rural
Liberou crédito a juros baixos para modernização do campo e expansão da área cultivada.

1973. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
Atua no desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas (técnicas de manejo do solo, sementes melhoradas, trato de animais etc.).

1974. PRODECER - Programa Nipo-Brasileiro de Cooperação para o desenvolvimento do Cerrado.
O desenvolvimento de novas plantas adaptadas ao solo ácido e de baixa fertilidade do cerrado favoreceu a expansão da soja do sul para o centro oeste brasileiro.

1975 - PROÁLCOOL
Favoreceu a geração de etanol combustível a base de cana de açúcar. O governo através do crédito estimulou a expansão de lavoura de cana e a ampliação de Usinas. 

 Pode-se dizer que a transformação na base técnica da agricultura após 1960 ocorreu graças à presença do Estado, que impulsionou uma modernização conservadora, que atingiu de forma diferenciada, o espaço agrícola brasileiro. A maior concentração deste desenvolvimento se deu na região Centro Sul, região que mais consome insumos agrícolas e recursos financeiros destinados a grandes produtores cuja produção está voltada a exportação (OLIVEIRA, 1996).

“Ultimamente, com os avanços na chamada ‘agricultura de precisão’ é possível realizar, por meio das informações obtidas via satélite, um verdadeiro mapeamento e conhecimento detalhado do terreno, combinando-se o uso do GPS com as inovações mecânicas e químicas. Com isso se torna possível aumentar cada vez mais a produtividade de certas culturas em menor tempo e espaço” (SORAIA RAMOS, 2008, p. 377).

Efeitos recentes da modernização do campo:

✔ O campo torna-se cada vez mais artificializado (desenvolvimento da agricultura de precisão/vertical); 

✔ Amplia-se a produção em uma área menor.

✔ Novas relações que denotam complementariedade e diferenças se instalam entre rural-urbano.

✔ O modo de vida rural também é reproduzido/recriado no espaço urbano tanto de modo autêntico quanto como simulacro (“fake”). 

Com a modernização agrícola observa-se que os circuitos espaciais de produção e círculos de cooperação principalmente no caso das comodities passa a extrapolar a escala regional, uma vez que o maquinário, fertilizantes e adubos provem de áreas distintas da que ocorre a produção. Nesse processo, grande parte da produção destina-se a exportação. O avanço dos transportes e da informação reduz as barreiras de negociação e comercialização (SANTOS & SILVEIRA, 2008). 

Doenças no campo
Febre Aftosa: doença viral que afeta principalmente bovinos e suínos. ​
Causa calafrios e feridas no animal. ​
Provoca problemas cardíacos no animal e pode leva-lo a morte.​

Vaca louca
Doença neurodegenerativa fatal​. 
Pode ser transmitida para o ser humano e causar demência 
É causada pela proteína Príon
Sintomas no animal:
  • Nervosismo e agressividade
  • Ranger dos dentes
  • Hipersensibilidade ao som, toque e luz
  • Dificuldade para andar
  • Tremores musculares
Prevenção: os animais infectados são sacrificados 

"Existem duas doenças que têm relação com príon infeccioso. Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver esse príon naturalmente - sendo acometidos por uma doença degenerativa chamada doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), que nada tem a ver com o mal da vaca louca. Ela atinge principalmente idosos. "Também é possível um humano adquirir esse príon infeccioso ao comer carne infectada, desenvolvendo a variante doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ), também conhecida como "vaca louca". " Trecho da matéria do G1 de 22-02-2023. Para saber mais sobre o assunto clique no link da matéria: O que é a doença da vaca louca ou pesquise em outras fontes.

Vassoura de Bruxa
Doença causada por fungo que atinge os pés de cacau.​

CONCEITOS ASUNTOS IMPORTANTES 

  • Agricultura intensiva: mais capitalizada  
  • Agricultura extensiva: menos capitalizada 
  • Agricultura de jardinagem: realizada em terraços, destaque para cultura de arroz na Ásia.  
  • Agricultura orgânica: sem agrotóxico. 
  • Revolução verde: áreas agrícolas ao redor dos centros urbanos 
  • Terra devoluta: sem dono 
  • Terra grilada: possuí escritura falsificada 

  • OGMs: Organismos geneticamente modificados [transgênicos]. "Introduzidos no Brasil em 2003, os transgênicos são criados com a inserção de uma parte do código genético de uma espécie em outra, com o objetivo de criar na espécie resultante certas características desejadas, como maior crescimento e maior resistência a pragas. A maior parte das sementes transgênicas, desenvolvidas por gigantes mundiais do agronegócio, são protegidas por patentes". Para maiores informações conferir reportagem completa do Jornal Brasil de Fato Alimentos transgênicos: o que são e quais os riscos para a saúde para o meio ambiente.


Bibliografia 

OLIVEIRA, A.U. A mundialização do capitalismo e a geopolítica mundial no fim do século XX. In: .
RAMOS, Soraia. Sistemas técnicos agrícolas e meio técnico-científico informacional In. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2008.
SANTOS, Milton. SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2008.
SILVA, José Graziano da. Do complexo Rural aos Complexos Agro-industriais In. A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas: UNICAMP - IE, 1998. 
MORAES SILVA , Maria Aparecida de. Errantes do Fim Século. São Paulo: UNESP, 1999.


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