O urbano na Geografia brasileira
Por Herodes Cavalcanti
Precedentes
- Séc. XIX e início do XX, a produção geográfica era, no geral, escrita por não geógrafos com exceção para os trabalhos de Delgado de Carvalho.
- Fundação da FFLCH-USP em 1934 e do departamento de Geografia em 1946.
- Chegada dos mestres franceses (Pierre Deffontaines e Pierre Monbeig)
Foram as monografias urbanas produzidos através da orientação de Pierre Monbeig nos anos 1940. As monografias urbanas eram estudos particulares (idiográficos) de cidades compactas. Nestes estudos procurava-se descrever:
- O sítio urbano (base natural onde nasce a cidade)
- Posição da cidade
- Evolução histórica
- Funções urbanas
- Raio de ação da cidade.
Na acepção de Monbeig uma boa monografia urbana “procurava encontrar a alma da cidade”, ou seja, sua “essência”. Nestes estudos era forte a influência da Geografia francesa de Vidal de La Blache.
- Perde importância as monografias urbanas
- A cidade é pensada cada vez mais em relação a uma região e a sua rede urbana
- O IBGE destaca-se nas análises sobre a hierarquia urbana e sobre a "vida de relações da cidade" ao tratar da rede urbana. W. Christaller e M. Rochefort influenciam respectivamente estes estudos.
"Num país que passava por transformações radicais em sua base econômica, onde as forças de estruturação capitalista redesenhavam a estruturas espaciais de fixos e fluxo, seja pela aceleração do processo de formação de áreas metropolitanas, seja por reformulação das relações interurbanas, seja ainda pelo redesenho de toda organização interna das cidades, não era mais possível e nem relevante concentrar esforços no estudo monográfico tradicional. Por sua vez, a difusão das atividades de planejamento territorial na Europa, no período pós-guerra, e sua expansão no Brasil, no final da década de 1950, constituíram força centrípeta de grande intensidade, completando o processo de atração dos geógrafos para o estudos urbanos-regionais (ABREU, 2006, p. 150 e 151).
Anos 1980 em diante
- A preocupação com a produção do espaço torna-se maior do que com a organização do espaço.
- Os problemas sociais da cidade ganham mais atenção.
- Cada vez mais critica-se o planejamento urbano pouco participativo que beneficia um grupo pequeno de empresas em detrimento do interesse geral da sociedade.
- Influência dos trabalhos de Geografia Crítica , destaque para obra de Milton Santos.
Com a Geografia Crítica “[...} partiu-se para um posicionamento crítico da sociedade, procurando denunciar as injustiças sociais, resultantes dos privilégios de classe. Por meio de uma nova leitura do espaço geográfico, procura-se ver como se dá a produção e a apropriação do espaço, intermediadas pela condição de classe dos indivíduos. A Geografia Crítica representou um grande avanço no questionamento das cidades como lugar de injustiças” (SCARLATO, 2003, p. 402).
Bibliografia
ABREU, Maurício. “Estudo geográfico da cidade no Brasil: evolução e avaliação (contribuição à história do pensamento geográfico brasileiro)”. Revista Brasileira de Geografia, v. 56, n. 1/4, dez./jan. p. 21-122. de 1994
SCARLATO, Francisco C. . População e urbanização brasileira. In. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2003..